
Andy Goldsworthy - viagem
- Nuno Guerra
- 2 August 2018
Andy Goldsworthy posiciona-se, no seu trabalho, no ensejo da descoberta da natureza num processo directo e empirico, se é Inverno a neve é a sua “tela”, se é Outono as folhas seu “pincel”.
A intimidade com que se relaciona com a envolvente é o exemplo perfeito do entendimento da génese do lugar. Ele propõe a compreensão do lugar que nos rodeia como forma de dominar a nossa essência transformadora, posicionando-se numa perspectiva de harmonia no diálogo que estabelece com a natureza.
A consciência de que a mínima mudança das condições da natureza pode afectar o seu trabalho, faz elevar a sintonia do artista com o lugar, assim como com a obra projectada. Reconhece-se como intermediário entre a intervenção e a realidade que as recebe.
Em alguns trabalhos a essência construtiva das obras transporta-o, no acto criativo, para além do entendimento do lugar. Há que entender, também, a problemática da estabilidade da peça. Estas relações, suas e intrínsecas, quando cruzadas com agentes externos mantêm a obra no limite do desmoronamento durante todo o processo.
As esculturas, na relação de todos os elementos, na sua estrutura e o seu espaço persistem no limite da sua existência como parte constituinte de um todo.
A sensibilidade e clareza do trabalho de Andy Goldsworthy são um caminho à compreensão do rigor das leis e da dimensão temporal da envolvente que as recebe, respeitando o limite de tempol em que perduram. Respeitar a “mortalidade” do seu trabalho implica reconhecer que outros elementos sobre ele agem, acabando por completa-lo e atribuindo-lhe outra dimensão.