O futuro do coworking

O futuro do coworking

JORNAL ECONÓMICO – Artigo de Opinião 23.08.2019

 

Por Mariana Morgado Pedroso, Directora-Geral do Architect Your Home

 

O futuro do coworking

 

Em Portugal tem-se assistido a uma crescente utilização de espaços de coworking, por um lado fruto da falta de espaços tradicionais de escritório com rendas acessíveis, por outro devido ao aumento do número de pessoas que trabalham a título de “empresário em nome individual” e que necessitam de sair de casa e trabalhar num espaço profissional, onde possam receber clientes. A rotina de sair de casa e ir para o escritório, é a prática comum da maioria dos profissionais liberais, sendo que como freelancer, rapidamente se conclui que é difícil manter um escritório tradicional a trabalhar a partir de casa, revelando-se ao fim de pouco tempo uma situação impraticável (especialmente se houverem crianças no mix), e esta nova forma de utilizar espaços comerciais tem sido uma solução adoptada por muitos.

 

A ideia de chegar a um escritório moderno, totalmente equipado, onde nos podemos sentar e começar a trabalhar é apelativa para muitos e vem com o bónus que, na maioria dos casos, são pessoas que trabalham em áreas diversificadas e acabam por usar este espaço de co-sharing como uma oportunidade de construir uma rede de contactos, de angariar trabalho e recrutar mais pessoal em épocas de produção mais intensas, explorando sinergias que surgem naturalmente da proximidade das pessoas.

 

De acordo com dados obtidos pela revista Entrepeneur.com já existem mais de 20.000 espaços de tabalho de coworking globalmente e esse número continua a aumentar. Em Portugal o número de micro, pequenas e médias empresas tem vindo a aumentar desde 2008 - com mais de 1,2M de PME para 1.000 Grandes empresas o que só por si justifica o sucesso deste tipo de soluções de escritório partilhado, sendo que as microempresas são hoje em dia responsáveis por 96% do total das PME (PORDATA.pt), que precisam de contante contacto entre si para fazer crescer os seus negócios – existe muito espaço para crescer de acordo com um relatório de 2019 da Cushman & Wakefiled, Portugal representa o 37º lugar no ranking das cidades europeias com potencial de crescimento neste mercado.

 

Flexibilidade e acessibilidade

Estes são os factores chave que levam ao sucesso destes espaços, que rompem com o mercado imobiliário de escritórios tradicional, uma vez que estes trabalhadores (e empregadores) procuram soluções sem compromissos a longo prazo, adaptando o seu espaço à procura e ao volume de negócio – adaptando-se à procura e ajustando o espaço às necessidades imediatas.

 

A última moda? Nós temos!

Estes espaços também tem a possibilidade de se adaptarem mais facilmente às tendências no mercado de trabalho, como nos campos da tecnologia, design e serviços adicionais.

No campo tecnológico, começou com os cartões de acesso (o que permite prescindir de um porteiro ou recepcionista), recibos electrónicos, chegando às bases de dado de permanência no espaço, marcação remota de salas de reunião e outros automatismos que permitem um controlo à distância destes espaços.

Há também uma tendência para responder aos global workers, digital nomads e trabalhadores remotos, viajantes que procuram um escritório temporário – existe uma miríade de milhões de pessoas no mundo que procuram soluções flexíveis e à distancia, e já existem empresas de coworking que se instalaram em múltiplas cidades para responder de forma similar às necessidades dos globetrotters profissionais.

E acima de tudo, o design destes espaços adapta-se à procura, tendo que atrair à primeira vista os potenciais interessados, com espaços de lazer, zonas de jogos e até espaços para animais de estimação, tudo o que permita a que os novos empresários se sintam em casa.